CAP 12
Sexta-feira, 13 de
janeiro de 2012.
Querido Diário,
Sexta-feira 13. Nunca
acreditei muito que esse dia nos reserva azar, superstição não é comigo.
Contudo, a coincidência foi grande, porque hoje foi um dia de muito azar. Ou
sorte, não sei, ainda não aterrissei pra definir. Não caiu a ficha, é como se o
que ocorreu hoje fosse um simples sonho, ou melhor, um pesadelo. Existem coisas
em que a gente não quer acreditar. Mas eu vi, com meus próprios olhos, e tenho
que começar a me conformar que aconteceu mesmo.
O dia de hoje tinha
tudo pra ser normal. Eu e a Karen fomos, guiadas pela Lara, fazer uma trilha na
floresta. Convidamos o Zeca, mas ele preferiu ficar em casa lendo um livro, um
bem clássico, como é o nome? Otelo,
do William Shakespeare, é isso. Diz ele que tá gostando bastante da história e
queria terminar. A trilha foi divertida, vimos vários pássaros, encontramos uma
cachoeira linda, enfim, a tarde foi muito boa.
Enquanto voltávamos,
ao final da tarde, bateu uma saudade do Felipe e corri pra casa dele. Chegando
lá, percebi que ele não estava e tinha deixado a porta aberta. Entrei e
encontrei meu cachorrinho, o Lupe. Começamos a brincar e tive a ideia de
esperar o Felipe, fazer uma surpresa. Acontece que quem me fez uma surpresa foi
ele. Depois de uns dez minutos, ouvi vozes e gargalhadas se aproximarem. Me
escondi em um quarto da casa e esperei. Entraram ali Felipe e, ninguém mais e ninguém
menos que ela, dona Cláudia. Ficaram na sala, conversavam não sei o quê. Mas
logo começaram a dirigir palavras de amor um pro outro, a se beijarem... Não
aguentei, saí do quarto para presenciar a cena. Eu não sabia o que fazer. Com o
Lupe no colo, permaneci ali, parada, olhando aqueles dois ordinários se pegando
na minha frente. Até que eles me viram e tentaram se explicar. Coloquei o Lupe no
chão e saí correndo, escutei ainda o Felipe me pedindo pra voltar.
Ao chegar em casa,
não falei com ninguém, só subi pro meu quarto e tranquei a porta. Chorei mais
do que ontem, muito mais. A ordinária, que tinha me dado lição de moral, se
finge de santa, mas é o capeta, loba em pela de cordeiro. Sabe-se lá o que mais
apronta aquela maldita! E o Felipe! Pensar nele me dá ânsia de vômito. Traidor!
É assim que ele me ama, me traindo com minha própria sogra?
Não jantei, nem quis
falar com a Karen, que batia no meu quarto, há pouco, pedindo pra eu abrir. Eu
me sinto enganada e isso é uma sensação horrível. Que ódio daqueles dois! Que
ódio! Pensando melhor agora, isso tem o seu lado bom: além de eu não ser mais
enganada, agora aquela cobra da dona Cláudia tá na minha mão. Se ela vier
destilar veneno em mim, eu sei o podre dela e ameaço denunciá-la. Mas será que
ela sabe o meu? Será que aquele ordinário do Felipe contou pra ela do nosso
caso? Ai, vou tentar dormir pra esfriar a cabeça e pensar melhor no que vou
fazer.
BEIJOSDaLU
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