CAP 14
Domingo, 15 de
janeiro de 2012.
“Amor é fogo que arde
sem se ver,
é ferida que dói, e
não se sente;
é um contentamento
descontente,
é dor que desatina
sem doer.”
(Luís Vaz de Camões)
Querido Diário,
Estou com tantas dúvidas
em relação ao amor. O que é, na verdade, o amor? Não sei. Acredito que o amor
não é tão cor-de-rosa como muitos o pintam. Pode até nascer do desgosto, ou
estar acompanhado do ódio, que é o seu oposto. Lá venho eu e minhas filosofias...
Acho que o Zeca não ter me procurado ontem à noite, depois de ter sido tão doce
comigo durante o dia, e também tudo o que aconteceu hoje, me fez repensar o
amor.
Acordei pela manhã em
torno das sete horas. Fui à estufa de rosas dar uma olhada na minha plantinha e
a jararaca veio falar comigo. Ela pediu desculpas pelo que me disse na quinta,
para você ver como as coisas são. Contou que meu sogro, seu Valmir, nunca foi
lá um grande marido. Não dava atenção a ela, pouco se importava com a vida dela.
Quando Felipe surgiu, ela se sentiu mais valorizada. Ela falou que ama seu
Valmir, ama mesmo, por isso, continua com ele. No entanto, pela falta de
carinho do marido, necessita se encontrar com Felipe às escondidas, já faz isso
há anos. Enquanto ela falava, eu pensava: será que eu seria assim no futuro?
Casaria com Zeca e teria uma vida como a da minha sogra? Essa conversa me
deixou meio desnorteada, dúvidas e dúvidas, mas saquei que ela não sabe de nada
sobre meu caso com Felipe, senão ela não teria se prestado a esse papel. A
jararaca me pediu sigilo, o que eu já esperava. Me prometeu que não ia mais
implicar comigo, que a família dela estaria destruída se eu contasse a alguém
sobre o que vi. Falei que vou ficar em silêncio, mas não sei até quando continuarei
guardando em segredo algo tão sério. Também, quem sou eu pra julgar essa
mulher, se sou igual a ela? Será que ela não é tão vilã quanto eu imagino? Ai,
que bagunça na minha mente!
Depois que saí da estufa, encontrei Karen e fomos
ao labirinto do jardim. Eu contei tudo à ela. Minha amiga ficou chocada e me consolou,
pois sabe o que realmente sinto pelo Felipe. Eu o amo, assumo meu sentimento. E
hoje, ao reconhecer claramente isso, resolvi aceitar a idéia de Karen em sair
daquela casa.
Fui até a pousada do
meu sogro e me hospedei lá com a Karen. A mudança se deu tão rápido que o Zeca
nem chegou a me ver partir. Quem nos levou à pousada foi dona Cláudia, com seu
carro. Quando nos viu, seu Valmir tentou disfarçar, mas tava estampado na cara
dele: não gostou de ver a gente lá. Dá pra entender, ele percebeu que o
relacionamento do filho não tá bem. Fazer o quê? Enfim, pra mim e pra Karen, a
pousada de seu Valmir é nossa nova casa, vamos ver por quanto tempo.
BEIJOSDaLU
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