CAP 24
Quarta-feira, 25 de
janeiro de 2012.
Querido Diário,
Acordei esta manhã com
dona Cláudia me observando. A assombração tinha invadido o meu quarto e permanecido
ali, parada feito uma múmia, só me encarando. Levei um susto, mas tentei
disfarçar. Perguntei do Zeca, ela respondeu que ele tinha saído. Disse ela que
todos saíram cedo de casa para assistir uma vaca que estava a dar cria, mas não
quiseram me acordar. Dona Cláudia foi curta e grossa em suas colocações. Me lançou
ameaças sem deixar espaços pra eu me explicar. Achei que a jararaca iria me
mandar embora dessa casa. Tudo o que eu queria era que ela me expulsasse, daí o
inferno acabava de vez! Mas não, ela me falou, muito firme, que me queria longe
do Felipe, caso contrário, tiraria meu filho de mim. Não tive medo, ameacei-a
também: se ela me tirasse o filho, eu contaria a todos que ela é mais falsa do
que uma nota de três reais. O que diriam os outros ao saber que a moralidade em
pessoa vive se esfregando no caseiro? Quando falei isso, ela me deu um tapa na
cara, mas não deixei barato e lhe dei outro. Ela ficou uma fera, disse que eu
não sabia com quem estava mexendo e se retirou do quarto.
Sem saída, tive que
abrir o jogo com Zeca. Assim que ele chegou em casa, triste pela falta do
Samuel, olhei para seus olhos castanhos escuros e revelei a verdade, da possibilidade
dele não ser o pai. Ele não entendeu nada no começo. Contei a novela inteira,
disse que eu e Felipe tínhamos um caso desde minha chegada à fazenda, que me
apaixonei por ele e ficamos várias vezes. Zeca me olhou com desprezo, seus olhos
marejaram d’água e, sem palavras, meu amigo foi se trancar em seu quarto. Ainda
está lá, deve estar chorando, sofrendo, como também estou agora. Eu não queria
que as coisas terminassem assim.
BEIJOSDaLU
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