segunda-feira, 29 de abril de 2013

Encontros e Desencontros-Capitulo 07


CAP VII – Reações

- Alô, Laura?
- Oi Renato, como estão as coisas por aí?
- Acabei de chegar do funeral, muita tristeza, uma menina tão nova. Como está o João?
- Está tudo bem, a febre não voltou mais.
- Laura, amanhã vou procurar um apartamento. Quero vocês aqui comigo.
- Re, acho ainda muito cedo para decidirmos uma coisa dessas. Você começou há uma semana no emprego.
- Laura, o que está acontecendo? Você parece querer viver longe de mim. É isso que você quer?
- Deixe de paranoia Renato, por favor. Só estou preocupada com nossa segurança.
- Um mês é suficiente?
- Não sei Renato, deve ser.
- Certo, mas então largue o emprego naquele lugar e aguardamos um mês.
- Já falamos sobre isso Renato, deixe de ser criança. É só um trabalho e, acima de tudo, nossa segurança. Não vou permitir que o João corra riscos. Eu vou atende-lo agora Re, estava preparando um lanche. Ligue amanhã, depois do trabalho e conversamos mais. Beijo.
- Laura, por favor, pense no assunto. Até amanhã.
Desligou mais uma vez, essa não é mais minha Laura. Não consigo entender essa mudança tão repentina. Um mês fora de casa e não conheço mais minha esposa. Não tenho dúvida, só pode ser aquele cara, mas ao mesmo tempo não consigo acreditar que ela tenha deixado de me amar e esteja me traindo. A angústia corroendo meu peito neste início de noite de domingo, não vou conseguir dormir outra noite dessa forma. Resolvi ir até a lanchonete quase vizinha do albergue, pelo menos para umas duas cervejas e conseguir relaxar um pouco. Uns dez passos da porta do albergue e alguém toca meu braço.
- Renato.
- Sim, quem é você? – Ela vestia uma capa creme, com capuz, os cabelos pareciam ser louros, apesar de muito abatida e sem maquiagem alguma, os olhos verdes iluminavam seu rosto.
- Sou amiga da Deise, Renato, meu nome é Kelly, ela me falou muito de você, ela me contava tudo que acontecia na clínica, mas na última semana algo aconteceu. Mataram ela Renato, mataram minha amiga.
- Calma Kelly, acalme-se, por favor, vamos até a lanchonete aqui na esquina, venha.
Sentamos e ela se negou a retirar a capa, parece muito amedrontada, apavorada, na realidade. Porém, nenhuma informação relevante ela parece saber. Está muito nervosa, com medo de que possa lhe acontecer algo.
- Kelly, por que você não procura o investigador responsável pelo caso?
- Renato, eu sei que não tenho alguma informação que possa ser reveladora. Acho que eu só iria me expor. Não sei se não estou correndo perigo. Eu morava com ela.
- Mas por que motivo Kelly?
- Eu não sei qual o motivo, mas ele existe Renato, a ouvi com alguém ao telefone sexta-feira, no intervalo do almoço. Não estou imaginando coisas. Achei muito estranho, ela parecia estar muito assustada, mas ao mesmo tempo, ameaçando alguém.
- Então você sabe alguma coisa.
- Como lhe falei, nenhuma informação que possa ser considerada uma pista, eu só a ouvi ameaçando contar alguma coisa a alguém, mas nenhum nome ou outra informação qualquer.
- Kelly, a polícia tem como identificar a origem e o destino de cada ligação telefônica, você precisa procurar o investigador o mais rápido possível.
Ela prometeu pensar, depois de me fazer jurar que não comentaria nossa conversa com ninguém. Será que realmente Deise pode ter sido assassinada? Por que veio me procurar? Por que confiaria em mim, mesmo que Deise tenha comentado sobre mim?
Fui até a lanchonete para relaxar e agora mesmo que não conseguirei dormir.
Saí muito cedo para passar numa imobiliária que fica há duas quadras do albergue, antes de seguir para a clínica. Peguei três chaves de apartamentos aqui no bairro para dar uma olhada durante o intervalo de almoço.
Cheguei à clínica e, mesmo da porta, conseguia ouvir vozes muito alteradas vindas da sala da Natty, corri até lá e abri a porta.
Oi Renato, bom dia! – Disse Natty já num tom normal de voz.
- Bom dia Renato! – Quase imediatamente Jaque também complementou.
- Bom dia, tudo bem com vocês? Desculpem-me a invasão, mas me assustei com os gritos.
- Tudo bem Renato, não se preocupe, acho que estou abalada ainda, não consigo me conformar por Jaque ter me deixado sozinha aqui com esse problema todo.
- NATTY! – Gritou Jaque a interrompendo e deixou a sala em seguida.
- Calma Natty, por que não descansa um pouco, vá para casa, tire uns dias de folga.
- Eu não posso Renato, são muitos compromissos, não posso deixar meus clientes na mão.
- Mas você precisa se ajudar antes de ajuda-los, não acha?
- Eu vou ficar bem Renato, obrigada. Você é um amor. Ao beijar-me no rosto pude sentir seu maravilhoso perfume muito de perto, seu abraço pareceu me fazer levitar. Acho que estou muito carente também.
Deixei a sala e fui procurar Jaque. Bati à porta.
- Entre.
- Com licença Jaque. Tens um minuto para mim?
- Claro Renato, por favor, sente-se.
- Obrigado. Jaque, está acontecendo mais alguma coisa, além da enorme tragédia que estamos vivendo? Eu quero ajudar, mas preciso saber o que está acontecendo.
- Fique tranquilo Renato, só a Natty que está um pouco descontrolada. Fui visitar meus pais em Nova Itápolis. Esqueci o carregador do meu celular, só fiquei sabendo ontem, o que eu podia fazer? Não entendo o que a Natty está descontando em mim. Não entendo. – E começou a chorar copiosamente. Levantei e segui em sua direção e ela levantou também e me abraçou forte, chorando muito. Talvez Natty estivesse se descontrolado pela frieza com que aparentemente Jaque havia recebido a notícia.
- Quem teve coragem de fazer isso com a Deise, Renato? Quem?
- Mas Jaque, não sabemos ainda a causa da morte, calma, vamos esperar os resultados das investigações.
- Sim, claro, quis dizer apenas como foi acontecer isso com ela, que horror, uma menina.
- Vou sugerir o mesmo que sugeri à Natty, tire uns dias para descansar, evitar ficar lembrando a cada segundo, faça isso.
- Não posso Renato, não posso deixar meus clientes na mão, é impossível, mas muito obrigada, você é um amor. – E a cena se repetiu, um beijo no rosto e um abraço maravilhoso.
- Qualquer coisa, me procure Jaque, por favor, estarei em minha sala.
- Obrigada Renato, procuro sim, bom trabalho.
- Obrigado.
No corredor, em direção à minha sala, encontrei Cláudia e outra garota vindo em minha direção.
- Bom dia!
- Bom dia Renato, eu estava lhe procurando, eu conversei com a Natty e ela pediu que você ficasse responsável pela seleção da pessoa que substituirá Deise.
- Tudo bem Claudia, sem problema. Depois você pode me passar o perfil do cargo, por favor?
- Passo sim Renato, mas você já pode entrevistar nossa primeira candidata? Esta é a Kelly, ela dividia o apartamento com a Deise.

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