segunda-feira, 13 de maio de 2013

Encontros e Desencontros-Capitulo 09


CAP IX – Kelly

- Natty, o que você acha de voltarmos para convidá-la?
- Não Renato, por favor, nossa intenção é nos desligarmos dos problemas, não?
Como tínhamos uma caminhada de alguns minutos até à praça de alimentação, no Shopping ao lado, decidi investigar ainda mais um pouco sobre esse desentendimento repentino entre as duas.
- Natty, o que está acontecendo com Jaque? Ela era muito próxima à Deise?
- Renato, sinceramente, também não estou entendendo. Eu apenas cobrei uma participação maior dela, após seu retorno do final de semana e ela se transformou. Não sei o motivo, ficou uma fera comigo.
- Eu conversei com ela, mas ao mesmo tempo que me pareceu muito fria numa frase onde colocou Deise como praticamente uma desconhecida, verifiquei seu histórico de acessos na internet justamente sobre Deise e todo o acontecido.
- Não sei o que dizer Renato, sempre fomos amigas para todas as horas, nunca faltou apoio de nenhuma das duas.
- Natty, por outro lado, ela não sabia do acontecido, estava fora da cidade, sem celular, você não cobrou muito dela? Parece-me que ela pode ter ficado magoada com você.
- Renato, ela nunca saiu dessa forma, sem avisar ninguém, simplesmente sumiu sexta-feira ao meio-dia e retornou segunda-feira como se nada houvesse acontecido. Nós temos uma empresa, somos sócias, essa não é a postura mais adequada, temos que convir.
Ao chegarmos à calçada, em frente ao escritório, caminha em nossa direção o investigador do caso.
- Bom dia! – falou dirigindo-se à Natty, por motivos óbvios. Deslumbrante, como de costume.
- Bom dia! – respondemos os dois uníssonos.
- Por favor, vocês sabem onde posso encontrar a Srta. Jaque Greguy?
- Claro, sala 402. – respondeu rapidamente Natty, apontando a entrada do prédio.
- Desculpe-me, senhorrrr... – aguardei seu nome.
- Rubens. Rubens Feliciano. Às suas ordens.
- Sr. Rubens, eu me chamo Renato, muito prazer, alguma novidade na investigação?
- Bem, primeiramente estamos aguardando o resultado da perícia para qualquer pronunciamento. Apenas estou adiantando meu trabalho entrando em contato com todas as pessoas mais próximas da moça para ter em mãos um perfil de seu comportamento.
- Bom trabalho então. Estamos saindo para o almoço, com licença.
- Obrigado. Bom apetite. Até breve.
Seguimos então nossa caminhada até o Shopping.
- Acho tão estranho esse cara, Renato.
- Sim, não é dos mais simpáticos realmente. Além de sempre transparecer que não acredita em nada do que a gente fala.
- Renato, a Claudia comentou que já temos uma candidata para substituir a Deise.
- Sim, é verdade, eu a entrevistei, mas ainda não decidimos.
- Não seja tão exigente, é só uma recepcionista.
- Sim, claro, apenas acho que existe algo errado com essa moça, ela morava com a Deise, parece que nem sentiu sua morte, muito estranho.
Nesse momento, já dentro do Shopping e nos encaminhando para a praça de alimentação, avistamos entrando pela outra porta, Claudia e Kelly. Elas nos cumprimentaram com um aceno tímido, mas seguiram em outra direção. Na realidade, em direção ao corredor de serviços, mais especificamente ao espaço reservado aos caixas eletrônicos dos bancos. Fiquei intrigado com essa aparente amizade tão repentina. Escolhi um lugar para sentar na praça de alimentação que me dava uma visão direta para a entrada do corredor no qual elas estavam. Mais alguns minutos e vi somente a Claudia saindo do corredor e do Shopping. Apenas alguns instantes antes de eu avistar Kelly saindo apressada, com um pacote na mão.
- Natty, ainda temos algum tempo, você não quer me acompanhar até um dos apartamentos que estou vendo para alugar? Fica umas duas ou três quadras daqui.
- Claro, vamos sim, assim caminhamos um pouco.
O apartamento foi descartado na hora, estava em péssimas condições. Não valeria a pena, mas ainda tenho outros dois para avaliar.
- Renato, obrigada pela companhia. Você é uma pessoa muito especial.
- Natty, é um prazer estar em sua companhia. Pode sempre contar comigo.
- Você então está planejando trazer sua família?
- Estou pensando sim, mas estou muito preocupado. Laura está muito diferente, não sei o que está acontecendo.
Chegando à clínica, Natty chamou a atenção para o carro de Jaque saindo da garagem.
- Onde Jaque está indo? Pelo que lembro, sua agenda está lotada esta tarde.
- Alguém pode ter desmarcado Natty. Vamos subir.
As luzes acesas da clínica nos estranharam, pois supúnhamos que estivesse vazia. Mais surpresos ficamos quando constatamos que a porta estava aberta e pelas novidades que descobriríamos em seguida.
- Boa tarde Seu Renato, Dra. Natty.
- Boa tarde, mas quem é você?
- Natty, esta é Kelly, a candidata à vaga de recepcionista.
- Acabo de ser contratada, Seu Renato, a Claudia e a Dra. Jaque me chamaram.
- Bem Kelly, seja bem vinda e, por favor, peça que a Claudia venha até minha sala em quinze minutos.
- Olá pessoal, como foi o almoço?
- Jaque? Quem saiu com seu carro?
- Espero que ninguém, por que Natty?
- Posso jurar que o vi saindo há dez minutos.
- Ah! Sim, sim, chamei o pessoal da lavação para pegá-lo aqui, já tinha esquecido. Já falaram com a Kelly?
- Sim, já ficamos sabendo da novidade, mas com licença, porque minha primeira cliente da tarde deve estar chegando.
Preferi não me intrometer, mas tudo ficou tão estranho assim de repente.
- Jaque, posso conversar com você?
- Renato, estou com a tarde lotada de clientes, pode ser amanhã cedo?
- Sim, claro, por favor Kelly, agende uma reunião minha com a Jaque no primeiro horário de amanhã.
- Sim senhor.
Fui para minha sala. Preciso ligar para Laura, essa situação está me angustiando demais.
- Confeitaria Imperial, boa tarde!
- Laura?
- Olá Renato, tudo bem?
- Tudo indo. Fui ver um apartamento hoje, mas ainda não é o que espero encontrar.
- Renato, podemos conversar à noite? Você sabe que é complicado falar daqui. Por favor?
- Laura, apenas quero sua confirmação de que virá morar comigo, só isso.
- Conversamos depois, Renato, eu ligo. Beijo. – Desligou! Mais uma vez. No mesmo momento que Deise me avisa que Natty está me chamando em sua sala.
- Oi Natty, mandou me chamar?
- Sim Renato, por favor, sente-se.
- Boa tarde Claudia.
- Boa tarde Renato.
- Claudia, o Renato comentou comigo que entrevistou nossa nova recepcionista e não ficou convencido que seria a candidata ideal. Por que a contratamos?
- Natty, a Jaque me solicitou que eu resolvesse essa questão ainda hoje. Eu não tinha outra candidata. E é só uma recepcionista, né Natty?
- Renato, o que você acha?
- Natty, como lhe falei, é apenas uma opinião pessoal, não tenho experiência em seleção. Acho que podemos fazer uma experiência.
- Claudia, tudo bem, você pode ir. Mas não esqueça novamente de nossos procedimentos internos. O Renato realizou a entrevista, cabia a ele, somente a ele, a decisão de contratá-la.
- Desculpe-me Natty, não voltará a acontecer. Com licença.
- Renato, obrigada. Desculpe-me tê-lo envolvido, mas precisava colocar a casa em ordem.
- Não se preocupe Natty, você está certa. Também achei muito esquisita essa contratação repentina. Com licença então, bom trabalho.
- Obrigada. Renato, janta comigo hoje? Queria conversar um pouco mais com você.
- Claro Natty, que horas? Aonde vamos?
- Pensei na minha casa mesmo, que tal? As 9.
- Combinado. Depois pego seu endereço com a nossa nova recepcionista.
- Eu já lhe encaminho por e-mail. Pode deixar. Até mais então.
- Até.

Nenhum comentário:

Postar um comentário